segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O ego à procura da totalidade

0 EGO À PROCURA DA TOTALIDADE
Um outro aspeto da dor emocional, que faz parte intrínseca da mente egoica, é uma sensação profundamente enraizada de falta ou de não estar completo, de não ser total. Em algumas pessoas, é uma sensação consciente, noutras inconsciente. Quando é consciente, manifesta-se na forma de um inquietante e constante sentimento de não ser digno ou suficientemente bom. Quando é inconsciente, só se sente indiretamente, sob a forma de uma intensa ânsia de possuir, de uma carência, de um precisar de qualquer coisa. Em qualquer dos casos, as pessoas começam muitas vezes a tentar satisfazer o ego de forma compulsiva e a procurar coisas com as quais se possam identificar, a fim de preencherem o vazio que sentem dentro de si. E lançam-se atrás de bens materiais, dinheiro, sucesso, poder, prestígio, ou um relacionamento especial, basicamente para se sentirem melhores consigo próprias, para se sentirem mais completas. Mas depois de alcançarem todas essas coisas, descobrem rapidamente que o vazio continua a existir, que ele não tem fim. É então que começam os problemas a sério, porque elas não se conseguem iludir mais a si próprias. Bem, na verdade conseguem, e até o fazem, mas torna-se muito mais difícil.
Enquanto for a mente egoica a conduzir a sua vida, você não poderá sentir-se verdadeiramente à vontade; não poderá estar em paz nem se sentirá realizado, a não ser momentaneamente, depois de obtido o que você queria, quando um desejo intenso acaba de ser satisfeito. Já que o ego é uma sensação derivada do eu, precisa de se identificar com coisas exteriores. Precisa de ser defendido e alimentado constantemente. As identificações mais comuns do ego têm a ver com bens materiais, com o trabalho que você faz, o seu estatuto e prestígio social, os seus conhecimentos e educação, a sua aparência física, os seus relacionamentos, aptidões especiais, historial pessoal e familiar, convicções – incluindo as convicções políticas, nacionalistas, raciais, religiosas e outras identificações coletivas. Nada disso é você próprio.
Acha tudo isto assustador? Ou é um alívio sabê-lo? Mais cedo ou mais tarde, terá de renunciar a todas essas coisas. Talvez ache ainda que é difícil acreditar, e certamente que não lhe estou a pedir para acreditar que a sua identidade não pode ser encontrada em nenhuma destas coisas. Você saberá a verdade por si próprio. Compreendê-la-á o mais tardar quando sentir a morte aproximar-se. A morte é uma maneira de se despir de tudo o que não é você próprio. O segredo da vida é "morrer antes que morra" – e descobrir que não há morte.


Eckhart Tolle
O poder do agora p35

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