quinta-feira, 18 de maio de 2017

O processo criativo

O processo criativo

Todo processo criativo, seja ele na literatura, na engenharia, na informática - e até mesmo no amor - respeita sempre um mesmo padrão: o ciclo da natureza. A seguir, listo as etapas deste processo:
a] aragem do campo: no momento em que o solo é revirada, o oxigênio penetra onde antes não conseguia. O campo ganha um novo rosto, a terra que estava em cima agora está embaixo, e o que estava embaixo transformou-se em superfície. Este processo de revolução interior é muito importante - porque, da mesma maneira que o novo rosto daquele campo irá ver a luz do sol pela primeira vez, e deslumbrar-se com ela, uma reavaliação dos nossos valores permitirá ver a vida com inocência, e sem ingenuidade. Assim, estaremos preparados para o milagre da inspiração. Um bom criador tem que saber estar sempre revirando seus valores, e jamais ficar contente com aquilo que julga entender.
b] a semeadura: toda obra é fruto do contacto com a vida. O homem criador não pode trancar-se em uma torre de marfim; precisa estar em contacto com o próximo, e compartilhar sua condição humana. Nunca vai saber, de antemão, quais as coisas que serão importantes no futuro, de modo que, quanto mais intensa sua vida, mais possibilidades tem de encontrar uma linguagem original. Le Corbusier dizia que «enquanto o homem quis voar imitando os pássaros, nunca conseguiu.» O mesmo se passa com o artista: embora ele seja um tradutor de emoções, a linguagem que ele está traduzindo não é inteiramente conhecida por ele, e se tentar imitar ou controlar a inspiração, jamais chegará onde deseja. Ele precisa permitir que a vida semeie o campo fértil do seu inconsciente.
c] a maturação: existe um tempo onde a obra se escreve sozinha, com liberdade, no fundo da alma do autor - antes que este se atreva a manifesta-la. No caso da literatura, por exemplo, o livro está influenciando o escritor, e vice-versa. É sobre este momento que o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade se refere, ao dizer que jamais devemos tentar recolher os versos que se perdem, pois eles não mereciam ver a luz do dia. Conheço gente que, durante a maturação, fica compulsivamente tomando notas de tudo que passa pela cabeça, sem respeitar aquilo que está sendo escrito no inconsciente. O resultado é que as notas, frutos da memória, terminam atrapalhando os frutos da inspiração. O criador precisa respeitar o tempo de gestação, embora saiba que - assim como o agricultor - ele só tem parcial controle do seu campo; está sujeito a seca, ou a inundações. Mas, se souber esperar, a planta mais forte, que resistiu às intempéries, virá à luz com toda sua força.
d] a colheita: é o momento que o homem vai manifestar em um plano consciente aquilo que ele semeou e deixou maturar. Se colher antes, a fruta está verde, se colher depois, a fruta está podre. Todo artista sabe reconhecer a chegada deste momento; embora certas perguntas ainda não tenham maturado o suficiente, certas idéias ainda não estejam claras e cristalinas, elas irão se re-organizar a medida que a obra está sendo feita. Sem medo, e com disciplina, ele entende que é preciso trabalhar de sol a sol, até que seu trabalho esteja completo. E o que fazer com os resultados da colheita? De novo, olhamos a Mãe Natureza: ela compartilha tudo com todos. Um artista que quer guardar sua obra para si mesmo, não está sendo justo com recebeu do momento presente, nem com a herança e os ensinamentos de seus antepassados. Se deixarmos os grãos estocados no celeiro,eles terminarão apodrecendo, embora tenham sido colhidos no momento certo. Quando a colheita termina, chega o momento em que é preciso dividir, sem medo ou vergonha, a sua própria alma. Essa é a missão do artista, por mais dolorosa ou gloriosa que seja.

Paulo-Coelho-Guerreiros-da-Luz-Vol_3

terça-feira, 9 de maio de 2017

Vacuidade e renúncia

VACUIDADE E RENÚNCIA

Sidarta (Buda) descobriu que a única maneira de confirmar a existência real de alguma coisa é provar que ela existe independentemente, livre de interpretação, fabricação ou mudança. Para Sidarta, todos os mecanismos aparentemente funcionais para nossa sobrevivência diária - físicos, emocionais e conceituais - caem fora dessa definição. São todos apenas combinações de partes instáveis e impermanentes, portanto estão sempre mudando. (…)

Por exemplo, você poderia dizer que seu reflexo no espelho não tem existência própria porque ele depende de você estar em pé na frente dele. Se fosse independente, então mesmo sem o rosto, deveria haver um reflexo. De modo similar, nada pode realmente existir sem depender de incontáveis condições.

(…) como não temos a inteligência de ver as partes das coisas, nos conformamos em vê-las em conjuntos. Se todas as penas são tiradas de um pavão, deixamos de ficar maravilhados. Mas não estamos querendo muito nos render a ver o mundo dessa maneira.

É como estar aninhado na cama tendo um bom sonho, levemente consciente de estar sonhando, mas não querendo acordar. Ou ver um belo arco-íris e não querer chegar perto, pois ele irá desaparecer.

Ter o espírito corajoso de acordar e examinar é o que budistas chamam de “renúncia”. Diferentemente da crença popular, a renúncia budista não é autoflagelação ou austeridade.

Sidarta se esforçou e foi capaz de ver que TODA A NOSSA EXISTÊNCIA SE RESUME A ETIQUETAS COLOCADAS EM FENÔMENOS QUE NÃO EXISTEM REALMENTE. COM ISSO ELE EXPERIMENTOU O DESPERTAR.

Dzongsar Khyentse Rinpoche

Fonte: do livro “What Makes You Not a Buddhist”

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Amar como Jesus amou

Um dia uma criança me parou,
olhou-me nos meus olhos a sorrir.
Caneta e papel na sua mão,
tarefa escolar a cumprir.
E perguntou no meio de um sorriso
o que é preciso para ser feliz?

Amar como Jesus amou,
Sonhar como Jesus sonhou,
pensar como Jesus pensou,
viver com Jesus viveu.
Sentir o que Jesus sentia,
sorrir como Jesus sorria
E ao chegar o fim do dia
eu sei que eu dormiria muito mais feliz.

Ouvindo o que eu falei ela me olhou e
disse que era lindo o que eu falei. Pediu
que repetisse, por favor, que não falasse
tudo de uma vez. E perguntou no meio
de um sorriso o que é preciso para ser
feliz.

Depois que eu terminei de repetir, seus
olhos não saiam do papel. Toquei no seu
rostinho e a sorrir pedi que ao transmitir
fosse fiel. E ela deu-me um beijo demorado
e ao meu lado foi dizendo assim.

Amar como Jesus amou,
Sonhar como Jesus sonhou,
pensar como Jesus pensou,
viver com Jesus viveu.
Sentir o que Jesus sentia,
sorrir como Jesus sorria
E ao chegar o fim do dia
eu sei que eu dormiria muito mais feliz.

Padre Zezinho

terça-feira, 2 de maio de 2017

Tributo ao tempo

Tributo ao tempo.

Dizem que a vida é curta, mas não é verdade.
A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades.
E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança
tranquila brincando de esconde-esconde.
Infelizmente às vezes não percebemos isso e
passamos nossa existência colecionando ‘NÃOS:
a viagem que não fizemos,
o presente que não demos,
a festa que não fomos,
o amor que não vivemos,
o perfume que não sentimos.
A vida é mais emocionante quando se é ator e não expectador,
quando se é piloto e não passageiro,
pássaro e não paisagem,
cavaleiro e não montaria.
E como ela é feita de instantes,
não pode nem deve ser medida em anos ou meses,
mas em minutos e segundos.
Esta mensagem é um tributo ao tempo.
Tanto aquele tempo que você soube aproveitar no passado quanto aquele
tempo que você não vai desperdiçar no futuro.
Porque a vida é agora.
Não tenha medo do futuro,
apenas lute e se esforce ao máximo para que ele seja do
jeito que você sempre desejou.
A morte não é a maior perda da vida.
A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.

Dalai Lama

O mistério da vida

 O mistério da vida não é um problema a resolver, mas uma realidade a experimentar, um processo que não pode ser entendido parando-o, devemo...