Três histórias judaicas
A menor constituição do mundo
Um grupo de sábios judeus reuniu-se para tentar criar a menor Constituição do mundo. Se
alguém fosse capaz de definir - no espaço de tempo que um homem leva para equilibrar-se em
um só pé - as leis que deviam reger o comportamento humano, este seria considerado o maior
de todos os sábios.
- Deus pune os criminosos - disse um.
Os outros argumentaram que isto não era uma lei, mas uma ameaça; a frase não foi aceita.
- Deus é amor - comentou outro.
De novo, os sábios não aceitaram a frase,
dizendo que ela não explicava direito os deveres da humanidade.
Neste momento, aproximou-se o rabino Hillel. E, colocando-se num só pé, disse:
- Não faça com seu próximo aquilo que você detestaria que fizessem com você; esta é a
Lei. Todo o resto é comentário jurídico.
E o rabino Hillel foi considerado o maior sábio de seu tempo.
Tapando o sol com a mão
Um discípulo procurou o rabino Nahman de Braslaw:
- Não continuarei mais meus estudos dos
textos sagrados - disse. - Moro numa pequena casa com meus irmãos e pais, e nunca encontro
as condições ideais para concentrar-me no que é importante.
Nahman apontou o sol, e pediu que seu discípulo colocasse a mão na frente do rosto, de
modo a oculta-lo. O discípulo fez isto.
- Sua mão é pequena, e no entanto conseguiu cobrir totalmente a força, a luz e a magestade do imenso sol. Da mesma maneira, os pequenos problemas conseguem lhe dar a desculpa necessária para não seguir adiante em sua busca espiritual.
«Assim como a mão tem o poder de esconder o sol, a mediocridade tem o poder de esconder a luz interior. Não culpe os outros por sua própria incompetência.»
Parece muito óbvio
Perguntaram ao rabino Ben Zoma:
- Quem é sábio?
- Aquele que encontra sempre algo a aprender com os outros - disse o rabino.
- Quem é forte?
- O homem que é capaz de dominar a si mesmo.
- Quem é rico?
- O que conhece o tesouro que tem: seus dias e suas horas de vida, que podem modificar tudo que acontece a sua volta.
- Quem merece respeito?- Quem respeita a si mesmo e ao seu próximo.
- Isto tudo são coisas óbvias - comentou um dos presentes.
- Por isso são tão difíceis de serem observadas - concluiu o rabino.
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