Poema do homem
que não morre.
O homem que não
morre fala mais alto que as palavras.
Rima com a vida enquanto versa em liberdade.
Rima com a vida enquanto versa em liberdade.
É maior que os plátanos, é mais alto que as sequoias
porque
engana a morte.
engana a morte.
O homem que não morre dá ordens em voz alta.
Diz assim aos deuses: "Vão para a puta que os pariu. Eu mando mais."
Diz assim aos deuses: "Vão para a puta que os pariu. Eu mando mais."
O homem que não morre anuncia o seu livro de poemas
enquanto lhe estão
a substituir o fígado.
a substituir o fígado.
(A imortalidade é ter um gajo qualquer a ler poemas teus
no momento em que
estás a mudar o filtro).
estás a mudar o filtro).
O homem que não morre dirige-se aos homens que morrem com
voz grossa
e saudade de bebedeiras.
e saudade de bebedeiras.
Há, no homem que se recusa a morrer, um regresso à
coragem:
a vontade indomável de Prometeu.
a vontade indomável de Prometeu.
Há, nesse insolente, uma fome insaciável de existir, uma
sede irrecuperável
de versos furiosos, delicados, permanentes.
de versos furiosos, delicados, permanentes.
Sim, sim, puta que pariu os deuses.
Desconhecido
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